Em um ano de pandemia, São Miguel Arcanjo alcançou a marca de 1500 casos confirmados e de ao menos 40 vidas perdidas pelo novo coronavírus. Destas, 22 mortes aconteceram nos últimos 2 meses. A miséria, a fome e outras violências que a insegurança alimentar gera no seio das comunidades são também mazelas graves que se aprofundam em um momento como o que estamos passando: a maior crise humanitária da nossa geração.
É por isso que o Observatório Popular Cidade do Anjo decidiu focar suas atenções na Campanha A Gente Precisa Da Gente. Diante da não-política econômica e social de enfrentamento à Covid-19, a gente precisa criar caminhos possíveis para que a comunidade são-miguelense possa se unir, se apoiar, se organizar e encontrar formas de se proteger e de se cuidar, permitindo com que o maior número possível de pessoas possa aderir ao isolamento social. Até que estejamos vacinados, não há outra alternativa capaz de manter a vida.
São Miguel Arcanjo, mesmo em tempos de não-pandemia, carrega violências graves em sua realidade. O município possui o dobro da média de extrema pobreza do Estado de São Paulo. Em dezembro de 2019, havia 3.527 famílias inseridas no Cadastro Único da Assistência Social e, destas, 2.505 famílias possuíam renda com até ½ salário mínimo por pessoa, ou seja, de zero a menos de 600,00 reais mensais.
Os dados, porém, são ainda mais preocupantes. Cerca de 20% da população total de nossa cidade vive em situação de alta e de muito alta vulnerabilidade social. Segundo dados da Secretaria Especial do Desenvolvimento Social, ainda em 2019 eram 2096 famílias com renda mensal de até R$ 89,00 por pessoa, ou com renda mensal de R$ 89,01 a R$178,00 por pessoa que possuísse em seu grupo familiar crianças ou adolescentes de 0 a 17 anos.
Ainda, de todas estas 2.096 famílias que detinham o direito, por exemplo, ao Bolsa Família, apenas 1.321 eram atendidas pela Secretaria de Assistência Social de São Miguel Arcanjo. Ou seja, apenas 63% das famílias que mais precisavam tinham acesso a políticas públicas básicas de combate à pobreza. Durante a pandemia esses números aumentaram e aumentarão ainda mais.*
Para criar alternativas à insegurança alimentar, a outras violências que a fome produz e para fortalecer o isolamento social, o OPOCA criou a Campanha A Gente Precisa Da Gente. Com R$ 79,00 mensais você apoia a alimentação de uma família, garante a ela a segurança de que haverá alimento no decorrer dos meses, promove a sensação genuína de cuidado e ajuda a garantir com que uma família inteira possa se proteger do contágio, da fome e de outras violências que o descaso produz. Nos organizando, a gente consegue distribuir alimentos, trocar informações sobre o vírus e diminuir o número de contágios. Junte-se a essa rede de pessoas e fortaleça o combate à miséria e à propagação da doença. Fique atento à fome e à realidade ao seu redor. Se junta e fortaleça a ação! A gente, enfim, precisa da gente.
Por Equipe do Programa de Enfrentamento à Covid-Opoca.
* Segundo o Ministério da Cidadania, “o município está abaixo da meta de atendimento do programa. O foco da gestão municipal deve ser na realização de ações de Busca Ativa para localizar famílias que estão no perfil do programa e ainda não foram cadastradas. A gestão também deve atentar para a manutenção da atualização cadastral dos beneficiários, para evitar que as famílias que ainda precisam do benefício tenham o pagamento interrompido”. Acesse os dados de março de 2021 em www.mds.gov.br/bolsafamilia.