Desde 2010 a Associação São-miguelense para Sustentabilidade, ASAS, pessoa jurídica do OPOCA, constrói experiências nas áreas da cultura, da educação, da sustentabilidade e dos direitos humanos para superar as violências sociais em São Miguel Arcanjo e fortalecer a sua democracia a partir de distintas realidades locais e com o envolvimento de pessoas e organizações de alguns lugares do Brasil e do mundo. Atualmente, são mais de 30 pessoas envolvidas na equipe da Instituição e mais de 10 mil pessoas impactadas até aqui.
Fundada em 2002, a ASAS é responsável pela construção do Pronto Atendimento Médico do município de São Miguel Arcanjo, prédio atualmente utilizado pela Secretaria Municipal de Saúde. Com a formação do Movimento Capital Juvenil em 10 de junho de 2010, iniciam as suas ações em defesa dos direitos humanos e sociais através de um trabalho de organização em comunidade que atua com o objetivo de criar alternativas às violências culturais, econômicas e sociais que enfrentam a infância, a juventude e suas famílias em São Miguel Arcanjo.
Este trabalho foi responsável por implementar em 2013, através do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), o Programa de Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do Ministério do Desenvolvimento Social. Ainda em 2013 deu início e acompanhou com o Ministério Público o processo que instituiu o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), e, paralelamente, criou o Programa SMA e a Juventude e o Projeto Cidade Escola com um conjunto de ações culturais, educacionais e sociais protagonizado pela comunidade envolvida.
Em 2016 realizou, via Poder Público, a reforma de dois espaços públicos abandonados que ficaram conhecidos como Casa Amarela e Casa Azul. Nestes locais, em articulação com as Secretarias/Coordenadorias de Educação, de Assistência Social, de Cultura e de Meio Ambiente, foram desenvolvidos projetos sócio-assistenciais, educacionais, culturais e ambientais que envolviam cerca de 200 crianças, jovens e suas famílias de um dos territórios mais castigados da cidade, o bairro Jardim São Carlos.
Em 2019 a ASAS fundou o Observatório Popular Cidade do Anjo (OPOCA) e teve a sua sede, a Casa OPOCA, reconhecida pela Secretaria de Cultura do Ministério de Turismo como Ponto de Cultura.
O OPOCA/ASAS se desenvolve como um trabalho intergeracional que envolve crianças, jovens, suas famílias, especialmente mães, e comunidades tanto na organização da Instituição, na elaboração e no desenvolvimento de seus projetos e atividades, quanto na busca por direitos humanos fundamentais, como o direito à moradia, à alimentação, à cultura, à educação. O trabalho de organização em comunidade para a realização e desenvolvimento das suas atividades é uma parte fundamental das ofertas sócio-assistenciais da Instituição porque cria, fomenta e fortalece a participação popular, o acolhimento, o cuidado e o convívio promovendo a diminuição de tensões intrafamiliares, extrafamiliares e comunitárias, a busca por direitos e a diminuição dos riscos sociais, enquanto atua pela execução das ações do coletivo.
De 2013 a 2019 o caminhar que instituiu o OPOCA foi conteúdo de pesquisa acadêmica que resultou na tese de doutorado A Vida Delas e Deles, a Nossa, na Cidade do Anjo: uma utopia crítica pós-colonial das gentes do cotidiano, de Tiago M. Knob, realizada no Programa de Pós-colonialismos e Cidadania Global do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Portugal. Como parte das ações da Organização, a pesquisa desenvolveu a metodologia e a pedagogia de ação do OPOCA, realizou uma crítica ética à realidade são-miguelense e instituiu o Observatório Popular Cidade do Anjo como uma alternativa factível e real às violências e desigualdades sociais, se integrando a redes de organizações nacionais e internacionais que atuam em suas distintas frentes pela afirmação da dignidade humana.
Em 2023, o OPOCA/ASAS em parceria com o Quilombo Mandinga fundou o Movimento Utopias, iniciando um processo de regionalização de suas ações, promovendo encontros e atividades com organizações de diferentes cidades com o objetivo de desenvolver pesquisas e ações em rede para o fortalecimento e aprofundamento comum das ações.
Em 2023 e 2024, o ASAS/OPOCA atua na implementação de Políticas Públicas voltadas à infância e à juventude através do Projeto “Nenhuma Criança e Nenhum Adolescente a Menos, um esforço para o fortalecimento da Rede Municipal de Proteção dos Direitos da Criança e do Adolescente” em parceria com o Núcleo de Estudos, Pesquisa, Extensão e Assessoria sobre Infância e Adolescência (NEPIA), da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (PROEX), da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). O objetivo é, através de um conjunto de ações que criou, ao lado do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), o Comitê de Gestão Colegiada da Rede de Cuidado e Proteção Social das Crianças e Adolescentes de São Miguel Arcanjo, desenvolver o Plano Municipal de Enfrentamento às Violências contra Crianças e Adolescentes. A ação é financiada por Emenda Impositiva da Câmara de Vereadores através do Termo de Colaboração 007/2023 com a Prefeitura Municipal.