A vida delas e deles, a nossa, na cidade do anjo

A VIDA DELAS E DELES, A NOSSA, NA CIDADE DO ANJO

RESUMO

Este trabalho carrega a esperança concreta de ser parte do desenvolvimento qualitativo de uma utopia crítica e cotidiana de crianças, jovens, mães, mulheres e homens – gentes do cotidiano da cidade de São Miguel Arcanjo -, frente a esta que é uma das realidades mais perversas do interior do Estado de São Paulo, Brasil: a Cidade do Anjo.

Trata-se, aqui, da construção de justiça cognitiva – um fundamento para a construção de justiça humana e social -, a partir do desenvolvimento da metodologia, da pedagogia, de uma crítica ética à realidade de São Miguel Arcanjo e do fortalecimento das resistências e alternativas dessa comunidade que emerge em meio às corrupções dos poderes, e que tem oferecido possibilidades de vida em uma realidade que nega, oprime, castiga, maltrata e que, em última instância, mata e tem matado.

São estes os momentos necessários da utopia, não suficientes, que este estudo se esforça por aprofundar, aprender, reaprender, desenvolver com as atoras e os atores desta ação social em curso e que, deste caminhar, se abre para a construção de solidariedades com outros cantos e centros do mundo que também caminham para o fortalecimento conjunto entre as ações em função da dignidade humana.

Para tanto, fundamentada em uma ética e em uma política da vida (Dussel, 1998, 2007a, 2007b, 2009), esta tese se propõe como um exercício das Epistemologias do Sul (Santos, 1995, 2006, 2009, 2017): um apelo à descentralização da produção do conhecimento que é para emergir, o mais claramente possível, novas exigências de possibilidades de vida desse canto oculto das linhas abissais (Santos, 2007) que impõe entre nós divisões entre os que podem e os que não podem ser.

Divisões, estas, reproduzidas, aqui, dentre tantos outros lugares, mentes e corpos da Cidade do Anjo, nas fronteiras da Lagoa do Guapé; e cujo andar capaz de responder às exigências de justiça está sendo já trilhado pelas gentes do cotidiano nessa construção do novo que emerge e observa, denuncia, anuncia, anda e permite à vida, viver.

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